Em 2013, o Brasil registrou 13 milhões de analfabetos com 15 anos ou
mais -- contingente de pessoas que supera a população da cidade de São
Paulo (11,8 milhões) e representa 8,3% do total de habitantes do país.
A taxa de analfabetismo caiu por um período de 15 anos, mas estagnou no levantamento divulgado no ano passado. O índice de 2013 (8,3%) é 0,4 ponto percentual menor que o registrado em 2012.
Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios),
divulgada, nesta quinta-feira (18), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatísticas).
Aos 15 anos, um indivíduo deveria
estar entre o final do ensino fundamental e o início do ensino médio,
antigo colegial. É considerado analfabeto quem não é capaz de ler nem de
escrever um bilhete simples.
Taxa é menor entre pessoas com menos de 30 anos
Entre as pessoas com menos de 30 anos, a taxa de analfabetismo ficou
abaixo de 3% em 2013. Na faixa de idade entre 40 a 59 anos, a taxa é de
9,2%. O índice de idosos analfabetos, com 60 anos ou mais, alcançou
23,9%.
O IBGE explica que a taxa de analfabetismo vem caindo
entre os jovens de até 25 anos. A partir da faixa etária de 40 anos, a
taxa é alta, devido à falta de acesso à educação anteriormente.
Sempre é tempo
Edvaldo dos Santos, 63, sempre quis aprender a ler e escrever, mas
começou a trabalhar cedo para sustentar a mãe e a irmã. "Vou morrer sem
saber ler, pois já passei da idade de aprender", afirma o pescador, que
mora em Maceió, capital de Alagoas.
"Vivo cinco dias no mar e,
quando volto, ainda trabalho na arrumação e limpeza do barco. Meu
trabalho não dá para ter tempo para estudar, mal tenho tempo para
descansar", explica Santos, cuja história simboliza um dos maiores
desafios para a erradicação do analfabetismo no país.
Quem não
teve a oportunidade de aprender acha que passou do período para isso,
ou, pior, que não é capaz de aprender. É um discurso comum dizer que empreender esforços para matricular jovens e adultos é "difícil e oneroso".
O pescador conta que, apesar de ele ser analfabeto, incentivou os seis
filhos a estudar. "Todos têm o segundo grau [ensino médio] e uma das
filhas é pedagoga", contou Santos, que não lê nem escreve o próprio
nome.
Queda no Nordeste
A maior queda entre as regiões
ocorreu no Nordeste, onde a taxa caiu de 17,4%, em 2012, para 16,6% em
2013. Mesmo assim, a região ainda é a que tem o maior índice e concentra
53% de todas pessoas que não sabem ler ou escrever do país.
A
região Sul foi a que registrou a menor taxa de analfabetismo, com 4,2%
em 2013. Já a região Sudeste concentra 24,2% do total de analfabetos.
Quanto à idade, a Pnad 2013 mostrou que o maior índice de analfabetos
se concentra no grupo de pessoas com 40 anos ou mais, 37,6%.
O exemplo disso é pedreiro Paulo Ferreira, 42, que aprendeu em um
canteiro de obras a escrever o nome e algumas palavras, "mas já
esqueceu". Ele foi de Correntes (PE) para Maceió
(AL) para trabalhar na construção civil há sete anos. Já tentou por
duas vezes retomar os estudos no programa EJA (Educação de Jovens e
Adultos), mas diz que o cansaço o fez desistir.
"Se não pude
estudar, nasci com a inteligência para ser pedreiro e não me falta
emprego. Me viro decorando os números dos ônibus para não me perder aqui
em Maceió. Parei de estudar no serviço, pois eu não vou ficar na sala
de aula dormindo na cadeira", afirma o pedreiro, que tem uma filha de
três anos. Ele pretende colocá-la na escola com quatro anos.
"Vamos pagar uma escola particular, pois ela é inteligente e não
queremos esperar para ela completar cinco anos para entrar na escola da
rede pública."
Por ser uma pesquisa por amostra, as variáveis
divulgadas pela Pnad estão dentro de um intervalo numérico, que é o
chamado "erro amostral". Segundo o IBGE, não há uma margem de erro
específica para toda a amostra. Para a Pnad 2013, foram ouvidas 362.555
pessoas em 148.697 domicílios pelo país.
Fonte: UOL Educação
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