A nova matriz macroeconômica brasileira
é promissora para o investimento, a produção e o emprego, com taxas de
juros baixas, custos financeiros reduzidos para empresas e famílias,
taxa de câmbio mais competitiva e sólidos resultados fiscais.
A avaliação consta da 17ª edição do relatório
(dezembro/2012) “Economia Brasileira em Perspectiva”, divulgado nesta
sexta-feira pelo Ministério da Fazenda. Coordenado pela Secretaria de
Política Econômica, a publicação consolida e atualiza as principais
variáveis econômicas do Brasil, com dados atualizados até 6 de dezembro
de 2012.
Esta semana, durante café com jornalistas, o
ministro Guido Mantega já havia citado os impactos da nova matriz sobre
a economia. Segundo ele, trata-se de uma “mudança brutal” que, por
exemplo, substituirá o lucro financeiro pelo lucro produtivo. “Ninguém é
contra o lucro alto, mas suando a camisa na produção”, disse na última
quarta-feira ao afirmar que o Brasil passa por um processo de
desintoxicação dos juros.
De agosto de 2011 a outubro de 2012, o Banco
Central reduziu a taxa básica de juros em 525 pontos-base, contribuindo
para que as taxas reais e nominais atingissem seu menor nível histórico
(atualmente 7,25% a.a.)
Esse movimento, conforme o relatório da Fazenda, repercutiu o sistema
financeiro, onde os spreads bancários e as taxas de juros de empréstimos
também antigiram os mínimos históricos.
“Esse novo ambiente já começou a influenciar o
processo de tomada de decisão dos agentes econômicos. Ela impacta
positivamente o investimento e a produção, à medida que os investidores
deixam para trás o tempo em que a economia brasileira estava acostumada
com altas taxas de juros de curto prazo”.
De acordo com o estudo, a redução da taxa real
de juros foi significativa, saindo de 14% em dezembro de 2002 para 1,8%
em novembro de 2012. Para a Fazenda, nos últimos dez anos, o contínuo
declínio tem sido resultado de políticas macroeconômicas sólidas e
críveis, e políticas fiscais coordenadas.
PIB
Entre os dados analisados pela SPE está o
comportamento do PIB abaixo do esperado em 2012. Conforme o boletim, as
medidas de impulso adotadas pelo governo federal já começam a dar sinais
de efetividade e tendem a se intensificar nos próximos meses, com
melhoria dos indicadores da indústria, do comércio e da confiança em
vários setores.
Segundo o IBGE, no segundo trimestre de 2012,
o PIB avançou 0,6%, mas a Fazenda lembra que esse resultado foi maior do
que nos trimestres anteriores, indicando recuperação da atividade
econômica.
Em análise do panorama internacional, a publicação lembra que organismos
como FMI e WEO estimam que o PIB brasileiro deve ficar no patamar de 4%
em 2013 e 2014, ante cenário mais pessimista para economias dos países
da Zona do Euro e EUA.
Investimento
Com exceção de 2009, ainda sob o efeito da
crise financeira do ano anterior, o investimento cresce acima do PIB
desde 2006, aponta o estudo da Fazenda. No período de 2006-2011, o
crescimento médio foi de 4,2%, enquanto que o investimento cresceu 9,1%,
variação superior a do crescimento do consumo das famílias (média de
5,4%).
Também estão em alta os investimentos do
governo federal, com destaque para os programas Minha Casa Minha Vida (PMCV)
e de Aceleração do Crescimento (PAC).
De acordo com o relatório, o ritmo tem
crescido ao longo de 2012 em comparação com 2011. Até outubro, os
investimentos públicos estão 22,9% acima do mesmo período do ano passado
(de R$ 41,4 bilhões para R$ 50,9 bilhões).
Indústria
Quando à produção industrial, a avaliação da
Fazenda é de que o resultado de outubro (aumento de 0,9% ante setembro),
reforça as expectativas favoráveis quanto à atividade do setor
industrial. O aumento foi sustentado principalmente pela elevação na
fabricação de bens intermediários (0,6%).
No caso do varejo restrito e ampliado, as
vendas seguem tendência de aceleração, registrando taxas de crescimento
acumulado em dozes meses de 8,1% a 6,6%, respectivamente.
Confiança
O índice de confiança no setor de serviços
está na zona de otimismo, diz o boletim. Em novembro, apresentou sua
terceira alta mensal consecutiva. A confiança da indústria também
melhorou. Ambos indicadores sinalizam a continuidade do processo de
recuperação econômica no quarto trimestre de 2012.
Com os estímulos do governo (prorrogação da
redução do IPI), a produção de veículos retomou a trajetória de
crescimento. Em outubro, houve expansão de 20,2% na produção na
comparação com mesmo mês de 2011. “A continuidade desse movimento é
esperada para o último bimestre do ano, levando a recorde anual de
produção”.
Também é positivo o indicador PMI Manufatura.
O dado de novembro, segundo o relatório, aponta para expansão da
atividade e tendência de recuperação, atingindo 52,20, o nível mais
elevado desde abril de 2011.
Consumo
Conforme avaliação da Fazenda, os investidores reconhecem a tendência do
crescimento do mercado consumidor brasileiro e, a despeito da crise
internacional, o Brasil segue como um dos maiores destinos para
investimentos em diversos setores, como automóveis, alimentos e bebidas,
vestuário, aviação doméstica, computadores e motos.
Infraestrutura
Os investimentos em infraestrutura no Brasil
contarão com a participação ativa da iniciativa privada, aponta o
relatório. A partir de dados da Secretaria de Aviação Civil, o estudo
lembra que o setor aeroportuário contará com investimentos totais de
aproximadamente R 16 bilhões nos próximos anos, contando apenas com as
concessões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Viracopos.
No caso de rodovias e ferrovias federais, o
Programa de Investimentos em Logística, prevê a aplicação de R$ 133
bilhões em reformas de construções, do quais 60% serão aplicados em até
cinco anos.
Emprego e renda
O mercado de trabalho mostrou forte dinamismo
em 2012, denotado pelo taxa de desocupação de 5,3% em outubro de 2012, a
menor taxa para o mês desde o início da série.
Por outro lado, o CAGED registrou geração de
1,689 milhão de postos de trabalho no acumulado do ano. Já entre janeiro
de 2003 e outubro de 2012, a geração de empregos alcançou 19,3 milhões
de postos formais. “A continuidade das contratações em termos líquidos
também demonstra que a economia retoma o crescimento”.
A política de valorização do salário mínimo
segue aumentando o poder de compra do trabalhador. O valor do salário
aumentará 72% em termos reais entre 2002 a 2013 (descontada a inflação
medida pelo INPC), conforme o boletim da Fazenda.
O crescimento do rendimento real do brasileiro
foi significativo o período de 2004 a 2011, alcançando 29,8% na média
total. Ainda mais relevante, diz o relatório, foi o crescimento do
rendimento para os 20% mais pobres, cujo crescimento da renda atingiu
cerca de 75%.
Desigualdade
O índice GINI (que mede a desigualdade de
renda) tem caído constantemente, indo de 0,559 para 0,508 entre 2004 e
2011. A queda decorre do aumento da escolaridade dos mais pobres, da
inclusão produtiva e da expansão dos programas de transferência de
renda, diz o estudo da Fazenda.
Por outro lado, o crescimento das classes ABC
e consequente redução das classes DE, ou seja, redução da pobreza e da
desigualdade de renda, desempenha papel fundamental na ampliação do
mercado interno. De acordo com a projeção do IPEA, em 2014 a classe C
representará cerca de 59% da população (115,2 milhões de pessoas).
Inflação
A publicação do Ministério da Fazenda aponta
que a inflação está sob controle no Brasil. As pressões inflacionárias
observadas no terceiro trimestre de 2012, impulsionadas, principalmente,
pelos efeitos de questões climáticas sobre a produção agrícola, estão se
dissipando.
No segundo semestre desse ano, a redução da
inflação mensal apontava para inflação anual em trono do centro da meta.
No segundo semestre, no entanto, a alta significativa dos preços
agrícolas pressionou o IPCA para patamar pouco acima da meta central,
mas dentro da banda estabelecida, lembra o estudo.
Consolidação fiscal
O relatório afirma, ainda, que em 2012 o
governo federal tem procurado evitar que as dificuldades do cenário
internacional tenham maiores impactos na economia doméstica. Esta
estratégia, diz o boletim, não impediu que o Brasil conservasse robustos
fundamentos fiscais.
Os resultados das contas públicas têm
sustentado a Dívida Líquida do Setor Público em 35,2%, ou seja, próximos
aos menores valores da série. Associado a isso, a contínua melhoria do
perfil da Dívida Pública Federal, em termos de prazo e composição, tem
se refletido nas taxas dos títulos brasileiros emitidos no exterior. A
emissão do Global 2023, em setembro, por exemplo, resultou na menor taxa
de emissão da história para um papel da dívida pública externa
brasileira.
Além disso, a situação fiscal como um todo
ainda tem colocado o Brasil numa posição privilegiada ante os demais
países do G-20, devendo o país apresentar ao final de 2012 um dos
maiores superávits primários do gruipo, bem como um dos menores déficits
nominais.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social - GMF
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